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sábado, 22 de maio de 2021


Porque será que algumas crianças parece que já nasceram cansadas?

 

Há algo extraordinariamente esquisito no quotidiano da vida social e  parece que ninguém se dá conta. Crianças com mais de três anos, até com seis e sete anos andam em cadeirinhas de rodas empurradas pelos pais ou até pelos avós!

 

Como é possível que crianças com idade suficiente para andarem a pé, correrem brincarem, estando no auge da sua vitalidade se façam transportar em cadeirinhas de rodas, muitas mal cabendo nelas e consequentemente adquirindo posições anatomicamente prejudiciais?

 

Algo está profundamente errado, ainda para mais se tivermos em conta outro fenómeno que ocorre diariamente nos transportes públicos com estas crianças e seus acompanhantes. É frequente vermos estas criancinhas sentadas nos transportes públicos, enquanto os pais e até os avós vão de pé! Caso sejam os pais a irem de pé para que as criancinhas vão comodamente instaladas e esteja algum idoso por perto, os pais não se dão ao trabalho de cederem o lugar, onde as crianças vão sentadas, a essa pessoa idosa. Porque será?! A conclusão é inevitável: as criancinhas já nasceram cansadas!  E tudo isto se passa perante a indiferença aparvalhada dos restantes passageiros, alguns dos quais debruçados sobre os seus telemóveis que lhes “ suga” a atenção e todos os sentidos. Será que também lhes absorve a inteligência? Um caso para reflectir.

 

Qual a causa deste “fenómeno”, é para mim um enigma indecifrável. No entanto  algumas hipóteses passiveis de explicar tão intrincado fenómeno poderão ser consideradas. Será o ADN destas crianças a “definhar”? Alimentação errada? Mistério! A única evidência que se me apresenta é que as criancinhas já nasceram cansadas, permanecendo um enigma, pelo menos para mim, as causas de tão profundo cansaço.

 

Admirável Mundo Novo! – uma visão do futuro

 

 

No entanto tudo isto me inspira uma visão do futuro, um Admirável Mundo Novo, diverso do de Aldous Huxley, mas igualmente admirável, onde estas crianças, os futuros adultos, passarão a deslocar-se não em cadeiras de rodas mas em camas de rodas electrónicas e comandadas pelo pensamento, ou melhor ainda, em camas anti-gravitacionais! Pois se  no auge da sua vitalidade, na infância, não têm forças para se deslocarem a pé, quando forem adultas com certeza que não terão forças para mexer um dedo, daí que tudo tenha de ser executado pela “força” do pensamento. A posição deitada será a norma dada a incapacidade para mover um dedo que seja. Daí a deslocação em camas de rodas electrónicas, ou anti-gravitacionais, preparadas  e equipadas com tudo o que é necessário para o dia a dia, como a higiene pessoal, confecção de alimentos etc. A cama tornar-se-á num robot, uma inteligência artificial que provirá  todas as necessidades mais imediatas do incapacitado utilizador, fazendo-se a comunicação entre ambos através do pensamento e não das palavras, porque chegando a este ponto, nem falar o indivíduo conseguirá.

 

Quando estes incapacitados atingirem a idade mais avançada, a terceira idade, a cama electrónica transformar-se-á numa urna funerária, onde passarão a fazer-se deslocar e que estará pronta a “receber” os restos mortais do moribundo que de acordo com os seus desejos, poderá ser enterrado ou cremado, sendo tudo isto tratado pela inteligência artificial, o robot, ou seja, a própria cama agora transformada em urna funerária.

 

No final restará apenas a inteligência artificial. Essa sim, terá “pernas para andar” e o mundo será governado por ela. Um Admirável Mundo Novo! 


Texto original de Pimenta  

 

 Veja também;

https://blogdapimenta11.blogspot.com/search/label/opini%C3%A3o

 



 

sábado, 1 de maio de 2021

 

Porque será que todo o mundo gosta de mandar bitaites?

 

Bitaite – a origem da palavra é desconhecida, mas entrou no nosso vocabulário e veio para ficar. Ela faz parte do nosso dia a dia tendo-se tornado quase numa “instituição”.

 

E o que é um bitaite? É uma forma opinativa, espontânea, sem qualquer fundamento que a sustente. No bitaite não existe o acto reflexivo sobre aquilo que se bitaita  e por isso o bitaite é “atirado” ao “outro” como uma certeza que não merece contestação, transformando-se assim numa forma dogmatizada para aquele que bitaita, o bitaiteiro! O bitaiteiro não pensa, bitaita sob impulso!

 

O bitaite difere da opinião, pois a opinião pode ser fundamentada, baseada em factos, o bitaite não, é sempre o resultado de uma certeza absoluta que não carece de demonstração, é anti-científica. Por tudo isto o bitaite está num nível mais abaixo da opinião. É o equivalente na música à pimbalhada, a “música Pimba”.

 

Notemos as semelhanças entre as palavras pimba e bitaite. O pimba usado como interjeição, substantivo feminino, indica uma ocorrência imprevista, tal como o bitaite que sendo espontâneo é também imprevisível. A música Pimba exprime igualmente um acto espontâneo, tendo a origem da expressão numa música de um cantor popular, Emanuel, cuja letra ...”e nós Pimba” ficou célebre.

 

Outra curiosidade do bitaite é o facto de ser a única forma opinativa que se manda: “mandar um (ou vários) bitaites”. Nunca dizemos mandar uma opinião, ou mandar um conselho, mas sim dar uma opinião ou  dar um conselho. O bitaite manda-se, atira-se à cara de quem se manda, sem dó nem piedade, como uma sentença num tribunal, ou até como uma pedrada que se lança nas fuças da “vítima” sem aviso prévio. Por isso mesmo o bitaite é uma espécie de “arruaceiro” que por vezes tem o condão de criar um certa irritação a quem é mandado: “deixa-te lá de mandar bitaites!”

 

O bitaiteiro, sendo o bom exemplo de um pensamento irreflectido,  tem também algo de narcisista, estando  mais atento aos defeitos dos outros do que aos seus e banalizando o mal que possa acontecer aos outros. Imaginemos alguém que tendo perdido o emprego e a casa, esteja a chorar compulsivamente, apoiando uma das mãos sobre o rosto, o maxilar. O bitaiteiro logo diz: “ Oh pá, aquilo é uma dor de dentes que o gajo tem!” E assim a “sentença” é proferida pelo bitaitero com uma certeza inabalável!

 


“Andam a mexer lá em cima!”

 

Há vários géneros de bitaites e alguns são verdadeiras “obras de arte” de criatividade e originalidade. Um exemplo. Há uns anos atrás, escutava uma conversa num autocarro, onde alguém falava sobre o tempo demasiado quente ou demasiado frio para a época, em resumo sobre as bruscas mudanças climáticas que já então se faziam sentir. Foi então que um bitaiteiro proferiu a sua “sentença” para explicar o fenómeno: “pois é, andam a mexer lá em cima!..” Confesso que semelhante afirmação me deixou perplexa. Mas quem seriam aqueles ou aquelas, na cabeça desta criatura, que andariam a mexer lá em cima? Perguntei-me. Seriam os extraterrestres, os deuses do Olimpo, agentes dos serviços secretos, seres invisíveis?! E de que forma andavam a mexer lá em cima ?! Por artes mágicas, com instrumentos de engenharia desconhecida?! Não lhe perguntei porque não tive coragem para o fazer embora vontade não me tivesse faltado. Outra curiosidade deste criativo bitaiteiro é que a sua afirmação dita deste modo “andam a mexer...” pressupõe que quem o escuta sabe a quem se refere, assim como o “lá em cima”, pois a extensão do “lá em cima” é incomensuravelmente grande, uma vez que tanto pode ser a atmosfera terrestre ou para além dela. Mas o pior de tudo é que estes bitaites, transmitidos como certezas absolutas, são depois espalhados pela população que os engole e posteriormente os “regurgita” para alguém os engolir de novo e... por aí fora.

 

Há também os bitaiteiros compulsivos que não conseguem estar calados mesmo quando deviam e os bitaites maldizentes, muito do agrado dos portugueses. Inventa-se e bitaita-se muito, especialmente sobre quem não se gosta ou de quem se inveja. Mas para consolo de todos nós, parece que este mal não é exclusivo dos portugueses.

 

Um certo indivíduo de uma rádio francesa que supostamente terá vindo a Portugal e digo supostamente uma vez que o teor das suas afirmações relativamente aos portugueses era tão descabido que duvidei da sua vinda, resolveu mandar uns bitaites sobre os portugueses, começando por dizer e cito, que ficou “desagradavelmente decepcionado”, tendo referido em jeito de crítica, que tudo fechava à uma hora da tarde aos fins de semana. Por acaso não se teria dado conta de que estávamos em confinamento?! Afirmou que os portugueses se vestiam como há 12 anos atrás  e que os rapazes punham gel no cabelo com efeito de ‘cimento’, “porque eles são portugueses”, acabando por comparar este tipo de penteado com o de Jonathan Daval, um criminoso francês, referindo ainda outros disparates que não consigo imaginar onde os foi buscar. Ora há aqui uma coisa peculiar. Tendo ele estado numa altura de confinamento como o seu próprio comentário sugere, não andaria quase ninguém nas ruas, então onde é que ele viu todos portugueses com gel na cabeça com efeito de cimento?! O humorista Luís Franco-Bastos respondeu-lhe à letra e com classe, mandando também ele os seus bitaites.

 

Mas os bitaites da criatura tiveram ainda outro aspecto peculiar, é que não foram ditos espontaneamente como regra geral os bitaites são mandados. Todos os seus bitaites foram lidos a partir de uma folha, como se poderá ver no vídeo que está disponível online. Então esteve cá há tão pouco tempo, na altura do confinamento e não tem a memória viva daquilo que viu precisando de um suporte em papel para se lembrar?! Este é um excelente exemplo de bitaites maldizentes que deve ter tido como motivação uma certa “azia” provocada pela final de um certo Campeonato Europeu de Futebol, em França, que os portugueses tiveram a ousadia de ganhar!

 

 

Antídoto anti-bitaite

 

Para quem esteja interessado e sendo um bitaiteiro compulsivo ou impulsivo e se queira livrar desse mal que afecta o cérebro de muita gente, como uma doença infecciosa transmissível, vou fornecer de forma gratuita o antídoto para o mal.

 

1ª Vamos instituir um mandamento Universal: NÃO BITAITARÁS! 


Modo de usar (posologia): recitar 10 vezes de manhã antes de se levantar, 10 vezes a meio do dia, 10 vezes antes de dormir.

 

2ª Vamos seguir a seguinte regra:

Regra da evidência O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir nos meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.” René Descartes, As Regras do Método, 1º regra do método

Modo de usar (posologia): recitar 10 vezes de manhã antes de se levantar, 10 vezes a meio do dia 10 vezes antes de dormir.


Texto original de Pimenta

 

 Veja também o próximo artigo onde predomina o humor contundente e a ficção:

    https://blogdapimenta11.blogspot.com/search/label/Fic%C3%A7%C3%A3o