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sábado, 6 de novembro de 2021


  

A História de Tibo e a Lagoa dos Antigos

   (caso não tenha lido o artigo anterior "Tibo e a Lagoa dos Antigos" clic no link em baixo)

https://blogdapimenta11.blogspot.com/search/label/Informa%C3%A7%C3%A3o)


 

Tibo e seus arredores são uma povoação muito mais antiga do que se possa pensar e por isso mesmo as pessoas locais chamam à Lagoa que fica perto da aldeia “Lagoa dos Antigos”.

 

Mas quem eram esses Antigos? 

Não deixou nada escrito este povo que habitou há muito tempo estas paragens, muito antes dos romanos e dos iberos que por aqui passaram. Tudo o que se conhece sobre este povo sem nome e sem designação nos chega através de uma tradição oral e simbólica que foi passando pelos vários povos que por aqui viveram posteriormente, havendo também uma breve referência de alguns historiadores antigos, nomeadamente Estrabão, o filósofo e geógrafo grego. Mais tarde esta tradição oral e respectivos símbolos foram compilados num livro do séc. XVI atribuído a um humanista e hermetista de origem Florentina, Giovanni Maro, que andou por estas paragens e que muito se interessou por este povo singular, sem nome. No início do século passado um habitante desta aldeia editou um livro de autor, que se encontra esgotado, fazendo um apanhado de toda a tradição oral socorrendo-se também do livro de Giovanni Maro.

 

 


Crê-se que este povo sem designação terá habitado esta região muitos milhares de anos antes de Cristo. Reza a tradição que chegaram vindos do mar, depois de terem enfrentado uma catástrofe que se abateu sobre a Terra, em que as águas do mar engoliram várias regiões do planeta incluindo aquela onde habitavam, tendo a maioria da população perecido. Estes eram os sobreviventes dessa catástrofe que faz parte da memória colectiva de vários povos.

  

A razão pela qual terão escolhida uma região tão distante da costa parece prender-se com o facto de se sentirem mais seguros longe do mar dadas as circunstâncias pelas quais passaram.

 

Esta gente que aqui aportou trazia consigo uma civilização cultural e socialmente muito avançada e muito rica, mas mais importante ainda era o domínio que tinham sobre as suas mentes. 

 

 

Era um povo pacifista que abominava a guerra e desprezava a luta pelo poder, por isso mesmo não havia no seu seio disputas pela liderança, pois todas as decisões eram tomadas pela comunidade dirigida ou melhor dizendo aconselhada por um grupo de anciãos, homens e mulheres sábios e que eram reconhecidos como tal, destacando-se entre eles um casal muito respeitado e ouvido pela comunidade de nome Tíbio e Perónia, nomes estes que lhes podem ter sido atribuídos posteriormente pela imaginação popular e não serem os nomes verdadeiros. Foram estes que com os seus sábios conselhos dirigiram este povo para esta localidade que é hoje conhecida por Tibo, uma corruptela do nome de Tíbio, onde encontraram um paraíso à sua medida, pleno de magia e de encanto e que serviu os seus propósitos. Primeiro encontrar um lugar específico onde as forças da natureza, que eles sabiam dominar na perfeição, se faziam sentir nesta região e em particular na zona da denominada Lagoa dos Antigos, para assim poderem entrar em contacto directo com as “forças da Natureza” que lhe permitiam encontrar a harmonia divina e assim restabelecer a ligação entra o Céu e a Terra, ligação essa que se terá perdido durante o período caótico pela qual a humanidade terá passado após a catástrofe que se abateu sobre a Terra. Por isso a Magia era do conhecimento comum deste povo que aprendia a Arte da Magna Magia desde muito pequenos, dominando o vento a chuva o fogo e a terra (as suas forças telúricas).

 

Maioritariamente comunicavam sem palavras, sendo estas utilizadas sobretudo como forma invocativa nos actos da Magia em que a vibração da palavra detinha um poder sobrenatural podendo dar origem à criação de novos seres ou a forças benéficas para a comunidade e ainda fazer levitar enormes menires que eram colocados em lugares específicos orientados para determinadas constelações com o efeito de produzir uma espécie de circuito magnético poderoso e simultaneamente fazer a ligação com o Céu habitado pelos “deuses”, beneficiando assim da protecção destes.

 

Embora a linguagem falada fosse ocasionalmente escolhida como modo de exprimirem os seus pensamentos, sendo esta já uma forma de decadência da sua cultura que se haveria de acentuar com o passar dos anos assim como outras características que se foram perdendo, como a harmonia do grupo, a ausência de querelas, o espírito de comunidade onde todos cuidavam de todos, a transmissão do pensamento era o modo natural e desejável de comunicação e por isso mesmo a mentira, a maledicência, eram desconhecidas deste povo, uma vez que não havia como esconder qualquer tipo de pensamento.

 

Era na Lagoa dos Antigos e no prado verdejante que se encontra ainda hoje perto da dita Lagoa, onde faziam as suas cerimónias e os seus actos de Magia que os levava para “regiões” e dimensões que ultrapassam em muito a imaginação do mais fértil sonhador. Estes actos de Magia eram presididos pelos anciãos mais conceituados e reconhecidos como tal por toda a comunidade onde sobressaía o casal Tíbio e Perónia. Eram eles que na verdade dirigiam, sem comandar, este povo, pois a noção de comando, autoridade, estava ausente do seu pensamento. Havia dirigentes, sim, mas que não se impondo pela força ou pela persuasão das palavras, se “impunham” (à falta de outra palavra melhor!) pela persuasão dos seus seres, a sua sapiência, a sua visão, o seu bom senso, a sua generosidade, enfim, o seu carácter, características estas que a nós, hoje, nos podem parecer tão estranhas e que com toda a certeza estão ausentes da classe que actualmente nos governa.

 

Diz-se que as suas moradas translúcidas e cristalinas eram feitas de uma substância muito subtil, etérea. A quintessência? Ou será que era aquilo que hoje conhecemos como plasma, o quarto estado da matéria e que eles já dominavam?

 


Os cépticos dizem que esta civilização nunca existiu e que tudo não passa de lendas e mitos construídos ao longo dos tempos pela fértil imaginação popular argumentando com o facto de nunca ter sido descoberta qualquer evidência arqueológica que suportasse a tradição oral. No entanto, se pensarmos que também Tróia foi  considerada durante muito tempo apenas um Mito relatado na Ilíade de Homero e posteriormente se veio a descobrir que afinal a dita cidade de facto existiu, pode levantar-se a questão: Será a História de Tibo e a Lagoa do Antigos um Mito que se poderá tornar realidade?"

 

História ficcionada por Pimenta

 

 


 

 

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

 

 

 

O CIRCO MARAVILHA


 

O Circo Maravilha Já Chegou!

 

O Circo Maravilha, conhecido pelo mundo inteiro, veio  cumprir mais uma temporada.

 

Nova temporada, novo episódio!

 

Quem não conhece o Circo Maravilha com elementos de todo os cantos do mundo,  concorrente directo do também famoso Cirque du Soleil e, pasme-se!, do Flying Circus dos Monty Payton? 

 

Só quem anda alheado destas coisas do nosso mundo, um cabeça no ar,  é que pode  fazer esta afirmação. “Eu não conheço o Circo Maravilha nunca ouvi falar e até duvido da sua existência”! 

 

Ora o Circo Maravilha não tem país de origem pois é composto por elementos de todas as partes do mundo, é Internacional, Global. Ah pois! É que estamos na era da globalização, é preciso não  esquecer e  faz todo o sentido que assim seja, não faz?

 

Todos os artistas deste circo são de um profissionalismo e de uma “dedicação exemplar à causa” que é um gosto vê-los actuar: 

 

- São os malabaristas com as suas incríveis piruetas, gigajogas e jogajigas que deixam o público extasiado, mas sem perceber muito bem como conseguem semelhantes proezas, é o domador de leões e outras feras, que transforma os selvagens animais em pacíficos gatinhos que, em vez do habitual rugido feroz, grrrrrrrrr,  que assusta o mais temerário, passam a produzir um miado que se eleva, como uma onda do mar, para depois desfalecer na areia da praia: miaaaauuuuuuuu. E este extraordinário domador  ainda  por cima consegue meter a cabeça na boca de um deles sem ficar despenteado! São os trapezistas com as suas incríveis acrobacias que podem pôr cobro às suas vidas estatelando-se no chão, não fosse a rede que os ampara sempre numa hipotética queda. Para estes há sempre uma rede de salvamento que é colocada no fundo, é um amparo, uma certeza de que “mesmo que caias estás sempre seguro”. E se mesmo assim sofrerem um acidente, há sempre alguém para os substituir, pois que The Show Must Go On, como diz a canção dos Queen. 

 

E o espectáculo lá segue com todos os outros brilhantes participantes desta grande festa do circo, retirando do público entusiasmados ohoooos e ahaaaas, o reflexo do culminar das fortes emoções que este espectáculo sempre gera. 

 

Mas a grande estrela da companhia, ou melhor, as estrelas da companhia, aquelas que o público mais admira, os mais aplaudidos, são o prestidigitador, mais conhecido por ilusionista e o palhaço que actuam em conjunto. Sim, estes dois são as vedetas da companhia. O ilusionista é exímio na produção de ambientes ilusórios, criando situações e truques verdadeiramente espantosos, capazes de ludibriar sempre o público. O palhaço é o seu ajudante e mestre na arte de fazer rir e de interagir com o público. Ele não é um palhaço qualquer, não! Tem o dom da palavra, sabe cativar a atenção completa do público, usando esses méritos para o distrair e assim evitar que este perceba os truques de ilusionismo feitas pelo prestidigitador e ainda outros que vão ocorrendo à margem do espectáculo. A criançada adora-o, mas os adultos também e no final todos pedem para tirar fotografias com o palhaço, o diplomata por excelência: "uma selfie, por favor!"


Mas o público, distraído pelo “espectáculo”, não se apercebe que as suas carteiras vão sendo “limpas” por meliantes dispostos nos vários sectores da audiência.

 

O show termina. O circo levanta arraiais e parte. Os meliantes seguem atrás dele, escondidos na penumbra.

 

Texto original de Pimenta 

 

Clique no link em baixo para ver os textos de humor negro da Pimenta:

https://blogdapimenta11.blogspot.com/search/label/humor

sábado, 13 de fevereiro de 2021


 

                Conto para crianças e adultos!

  

 


As rãs, a raposa e o lago    

                        

Junto a um pequeno ribeiro de água pura e cristalina,  viviam há muitos anos uma pequena comunidade de rãs  felizes e contentes por habitar lugar tão maravilhoso e paradisíaco.

 

Mas um certo dia começaram a aparecer partículas escuras do tamanho de pequenas sementes que obscureceram progressivamente o ribeiro. Estas ficaram muito preocupadas com aquela situação e logo várias teorias foram surgindo tentando explicar a origem das ditas partículas. Umas diziam que eram apenas pequenas partículas de terra resultantes de fortes chuvadas que se tinham feito sentir durante um mês particularmente chuvoso, outras porém, afirmavam que eram minúsculos insectos de origem desconhecida, outras ainda afirmavam que era poluição produzida por algum agricultor que despejava no ribeiro produtos poluentes. Enfim, havia teorias de todo o género. O certo é que a preocupação ia crescendo no meio desta comunidade de rãs.   

 

                          

Um dia uma raposa matreira que andava por perto,  ouviu as discussões das rãs sobre o que tinha sucedido no ribeiro e logo começou a congeminar uma estratégia para as capturar, pois gostava muito de cochinhas de rãs cozidas com cebola, alho e umas folhinhas de louro. Então, abeirou-se  das rãs que se mostraram muito receosas pois conheciam a fama daquela raposa matreira. Mas a raposa tratou de as sossegar dizendo-lhes que não tinha qualquer intenção de lhes fazer mal, pois tinha escutado a conversa delas e as várias teorias que explicavam o aparecimento das ditas partículas na água e ficara também muito preocupada. Aquilo era um assunto que dizia  respeito a todos os animais que habitavam o ribeiro e ainda  dos  que dependiam dele para saciar a sede, como era o caso dela, por isso estava disposta a esclarecer a situação e ajudar as rãs. 

 

Passaram alguns dias e a raposa voltou com novidades para as rãs. Já tinha informações fidedignas   do que eram as tais partículas que continuavam a aparecer na água. Tratava-se pois de um agente poluidor de tal maneira forte que iria começar por atacar a pele das rãs espalhando-se por todo o corpo e acabaria com a morte de todas elas se a situação não fosse revertida A raposa foi tão convincente nos seus argumentos que as rãs não tinham como contestar, com excepção  de algumas, muito poucas, que desconfiavam muito das intenções  daquela raposa matreira. As rãs começaram logo a sentir muito medo e o pavor instalou-se aos poucos e poucos entre a comunidade, tendo várias delas começado a sentir comichões pelo corpo.  À medida que o medo se instalava e as comichões aumentavam, começaram também a surgir manchas escuras.

 

Passado uns dias, quando o pânico já se instalara definitivamente entre as rãs, a raposa matreira, muito satisfeita com o resultado da sua estratégia e fingindo uma enorme preocupação pela situação em que as rãs se encontravam, apresentou-lhes uma solução que, embora provisória, pelo menos iria dar às rãs uma maior protecção e conforto, evitando assim que o mal se espalhasse ainda mais. A raposa era dona de uma propriedade que tinha um pequeno lago artificial com água aquecida no  Inverno e fresca no Verão rodeada por um encantador jardim cheio de árvores e belas flores, um paraíso!, onde as rãs estariam bem protegidas. Se quisessem poderiam lá habitar até que a situação no ribeiro fosse solucionada. Era claro que aquilo se iria resolver pois a raposa estava a par das diligências que se estavam a ser feitas para solucionar o problema.

 

As rãs exultaram de alegria pois aquela parecia-lhes uma boa solução. Apenas algumas se mostraram apreensivas, pois não gostavam da raposa e achavam que ela escondia segundas intenções. Mas foram logo repreendidas pela maioria, pois se a raposa lhes quisesse fazer mal já o teria feito e além do mais nunca tinha mostrado sinais de agressividade para com elas, muito pelo contrário, tinha-se mostrado sempre muito pacífica e tranquila.

 

Foi então decidido pela maior que iriam transferir-se para a propriedade da raposa. Se assim pensaram, assim fizeram. Meteram-se a caminho, apesar das súplicas em contrário daquelas que ainda desconfiavam das intenções da raposa. Estas acabaram por ser severamente criticadas e até mesmo insultadas por mostrarem uma tão grande desconfiança e serem contra a solução que melhor iria servia a condição das rãs. Chegaram mesmo a ser acusadas de sabotadoras! Por isso se não estavam de acordo com a maioria, que se deixassem ficar no charco da ribeira poluída. 

 

Quando as rãs chegaram à propriedade da raposa verificaram que havia vários ratos de guarda, o que muito estranharam mas foram desde logo sossegadas pela raposa que lhes explicou que a função deste ratos era proteger a propriedade e afastar possíveis elementos indesejáveis.

 


Depois a raposa foi-lhes indicar onde ficava o pequeno lago artificial que tinha um rebordo alto e uma pequena rampa de acesso para o seu interior. As rãs subiram pela rampa de acesso e saltaram logo para dentro do lago muito contentes. A alegria tinha voltado para o seio das rãs e até as comichões e as manchas que antes se tinham feito sentir, começaram a desaparecer gradualmente.

 

No entanto, a água que inicialmente estava tépida começou a aquecer mais e as rãs começaram a sentir-se muito relaxadas e o corpo entorpecido. E a água ia ficando cada vez mais quente e mais quente e elas começaram a ficar receosas, mas não já conseguiam reagir, apenas duas delas tinham conseguido  saltar para fora do pequeno lago. E foi então que estas viram com mais cuidado que o pequeno lago não era verdadeiramente um lago, mas sim um caldeirão aquecido por uma fogueira instalada num enorme buraco por baixo e a meio do caldeirão e aquilo que elas julgavam ser folhas de plantas a flutuar sobre a água, eram de facto pedaços de cebola e alho cortados em fatias finas junto com folhas de louro.

 

As duas rãs que tinham conseguido saltar borda fora começaram a berrar para que as outras também fugissem. Mas já era tarde demais pois os seus corpos entorpecidos pelo calor da água quase a ferver não lhes permitia que se mexessem. Iriam morrer cozinhadas! O pânico instalou-se e as rãs começaram a gritar agonizantes. Entretanto, as duas que tinham conseguido saltar para fora do caldeirão, foram enxotadas para dentro dele pelos ratos  que estavam de guarda.

 

A raposa matreira que observava languidamente o pânico das rãs, com um sorriso cínico dizia-lhes:

- O povo é sereno,  o povo é sereno! 


Texto original de Pimenta



                                                     💥