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sexta-feira, 23 de abril de 2021


 

Como optimizar a sua liderança

 

Antes de mais vou começar por contar um episódio que foi fundamental para que eu tomasse consciência de que um líder não tem de ser alguém que impõe a sua visão aos outros, sem os escutar, um “líder musculado” e que aquilo a que eu chamo o “líder silensioso” pode ter mais influência sobre os outros do que o musculado, evitando conflitos entre os seus colaboradores.

 

Quando estava a fazer um curso se Formação de Formadores extenso (558h) foi-nos proposto pelo formador um exercício bastante interessante. Em primeiro lugar deveríamos formar grupos de cerca de cinco a quatro pessoas, depois individualmente teríamos de fazer esse exercício que era uma espécie de teste cuja finalidade nós só a soubemos  após a conclusão do mesmo. O teste constava do seguinte:

 

-       um barco estava prestes a naufragar e os naúfragos teriam de levar para o bote salva-vidas um número limitado de utensílios que seriam mais adequados á sua sobrevivência em alto mar e que poderiam ir desde uma boia, linha de pesca, bússola, etc. Cada um de nós, individualmente, escolhia um número de objectos, previamente definido, que achava mais apropriados para a situação e escrevíamos na folha que nos era dada. Após esta primeira etapa do exercício, em conjunto deveríamos decidir a mesma coisa até chegarmos a um consenso, dentro de um limite de tempo previamente acordado. Havia três ou quatro grupos  na sala e um deles era particularmente ruidoso, pois havia duas pessoas, um rapaz e uma rapariga, que eram particularmente assertivos, com personalidades algo impositivas e como tal discutiam muito, puxando cada um para o seu lado e mostrando dificuldades em chegar a um consenso nesta etapa do exercício. Tive a felicidade de estar num grupo que era particularmente tranquilo, onde as pessoas não se “atropelavam”  uma às outras quando expunham as suas ideias, o oposto do que acontecia no referido grupo anterior. Espontaneamente não intervim muito no debate de ideias do grupo mesmo quando não estava a concordar com algumas das propostas, mantendo-me quase sempre calada. Deixei que todos falassem e chegassem a um consenso, só no fim é que calmamente intervim e expus a minhas objeções de uma forma serena e com argumentos lógicos. O grupo concordou com a maioria das minhas objeções e assim modificamos as proposta que inicialmente tinham sido escolhidas pelo grupo. Saliento que a minha intervenção no debate de ideias foi mínima.

 

Após esta última etapa do exercício proposto, foi-nos facultada a solução do teste numa folha onde constavam os objectos que realmente seriam imprescindíveis para a sobrevivência em alto mar. Comparámos com as propostas que tínhamos feito individualmente e assinalámos o número de objectos que tínhamos acertado. Depois verificámos os objectos que em conjunto tínhamos acertado e comparávamos com as escolhas individuais do grupo a que pertencíamos. Isto tinha como finalidade perceber se as nossas escolhas individuais estavam mais próximas ou mais afastadas das do grupo e qual das pessoas teve mais influência em cada grupo, pois o número de escolhas individuais que estivessem mais de  acordo com as escolhas do grupo significava isso mesmo.

 

Eu fui a pessoa que acertou em mais objectos, não só do meu grupo, como de todos os outros, mas também fui a pessoa que mais influência exerceu no grupo a que pertencia, uma vez que os objectos por mim escolhidos eram maioritariamente os mesmos escolhidos pelo conjunto dos membros do meu grupo, mais do que qualquer dos outros participantes. Consequentemente o meu grupo foi aquele que teve um melhor desempenho. Quanto ao grupo mais barulhento e que discutia muito, foi o que menos acertou, quer individualmente quer colectivamente, tendo mostrado por isso mesmo um pior desempenho.

 

 

O Líder silencioso

 

Eu fui um líder silencioso que intervim o menos possível e no entanto tive mais influência sobre as decisões finais do grupo, por várias ordens de factores:

 

1º Deixei  que todos falassem sem cortar a palavra a ninguém mesmo quando não concordava com as opiniões;

 

2ª Não tentei impor as minhas ideias ao grupo e expliquei os meus pontos de vista utilizando uma argumentação lógica, com serenidade e sem exaltações, o que não acontecia com o grupo barulhento que foi o  que teve a pior prestação. Mas também beneficiei do facto de o meu grupo ser formado por pessoas que, como referi anteriormente, era o mais sereno e sabiam escutar-se uma às outras. Estou certa de que se eu estivesse no grupo mais barulhento não teria tanta influência sobre o mesmo!

 

A minha forma de actuar foi espontânea e não premeditada e foi deste modo que aprendi e ganhei consciência de que para obter os melhores resultados de um grupo de trabalho, um ambiente sereno e o respeito dos membros são a base para o sucesso do grupo. Também me tornei mais consciente de uma forma mais eficaz de liderar uma equipa, a qual resumo do seguinte modo:

 

Um bom líder sabe escutar sem cortar a palavra daqueles que expõem as suas ideias, mesmo não concordando com elas. Saber escutar é fundamental seja em que situação for, para que as coisas funcionem da melhor maneira. Infelizmente esta não é a melhor característica da nossa sociedade e os exemplos (maus) vêm da televisão onde parece ter-se tornado norma alguns entrevistadores interromperem constantemente o entrevistado, não dando tempo a que este exponha as suas ideias;

 

Um bom líder não precisa de um ego forte e impositivo e dar nas vistas como um galo de capoeira;

 

Um bom líder sabe tirar o melhor que há nos outros e reúne-se de pessoas que se saibam escutar uma às outras;

 

Um bom líder busca consensos e proporciona um ambiente isento de conflitos;

 

Um bom líder é autoconfiante sem ser arrogante e faz-se respeitar por essa mesma característica;

 

Um bom líder é “silencioso”!

 

Texto original de Pimenta

 

Veja também:

https://blogdapimenta11.blogspot.com/search/label/Educa%C3%A7%C3%A3o 

 

 

 

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